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Porque, e Como, nasce este Colóquio? A 18 de outubro de 2022, Rui Gomes contacta Pedro Ferraz de Abreu, e ambos concordam em organizar este Colóquio, com uma exposição. PFA convida Gloria Ramalho e Vasco Lupi Costa, para o efeito. ler mais Video das intervenções: A gravação video integral deste Colóquio foi assumida pela Gloria Ramalho. Até hoje, não foi disponibilizada.
Pedro Ferraz de Abreu gravou, a titulo particular, a sua intervenção, e está disponivel aqui .
Vasco Lupi Costa:
Texto Base da intervenção
Pedro Ferraz de Abreu
O Contexto desta intervenção

Video da intervenção

Site do Colóquio no CES - Univ. de Coimbra






O PORQUÊ, E O COMO, DESTE COLÓQUIO: CRONOLOGIA

2022-10-14: Evocação do Assassinio de Ribeiro Santos (1972). Pedro Ferraz de Abreu informa amigos que colocou on-line texto sobre o 50o aniversario do assassinio de Ribeiro Santos, e do seu funeral.

2022-10-18: Nasce iniciativa deste Colóquio e Exposição associada. Rui Gomes (RG) escreve a Pedro Ferraz de Abreu (PFA), estar "boquiaberto e triste com o que se tem passado ... a propósito dos 50 anos do assassinato do Ribeiro Santos" e manifesta-se "disponivel para falarmos", no sentido de "fazer alguma coisa que permitisse contextualizar a morte do RS no antes e no depois, mobilizando para isso as vozes dos que mais directamente viveram a situação. Resgatar a memória a partir da pluralidade das visões dos que a viveram seria o mote principal". PFA concorda, e dessa primeira reunião nasce o projecto deste Colóquio (Seminário) e Exposição / mostra documental associada, com possivel publicação de livro.

2022-10-25: PFA convida Vasco Lupi Costa (VLC) e Gloria Magalhães Ramalho (GMR). Para se juntarem à iniciativa. E envia os seus contactos a RG, para facilitar comunicação directa entre eles.

Nota PFA: a escolha de VLC e GMR foi apenas por serem as pessoas com quem PFA tinha vindo a trabalhar neste tema, nomeadamente recolha de documentos e testemunhos. Ficou bem expresso que ninguém pretenderia ter qualquer "representatividade" especial, face a outros activistas desse tempo.

2022-11-10: CES/UCoimbra aceita iniciativa. RG informa que "A proposta do seminário foi aceite pelo CES" (Universidade de Coimbra), para Fevereiro de 2024. RG acrescenta que tal "nos permitiria organizar com mais tempo a mostra documental associada ao seminário. (...) A ideia seria fazer o seminário (e a mostra) nas instalações do museu da Ciência e da História Natural da Politécnica.". RG sugere "que façamos a próxima reunião a quatro", RG, PFA, VLC e GMR.

2023-01-02: Alinhamento pela frontalidade e transparêcia. RG e PFA comentam no grupo, a discussão franca decorrida entre os dois, para total transparência sobre o posicionamento de cada um, neste Colóquio, quanto ao passado politico e associativo.

2023-05-25: Proposta de modelo a seguir. RG envia plano dos eventos sobre MAEESL, como modelo para o nosso Colóquio e Exposição. PFA agradece, re-envia ao grupo para reunião já no fim-de-semana seguinte, e informa limitações por estadia no MIT/USA, pelo que urge chegar a conclusão em breve.

2023-06-04: Tem lugar reunião (após lançamento do livro de RG) de PFA e VLC com RG. Dado a ausência de GMR, por esta não ter respondido a tentativa de contacto, adia-se mais uma vez, por cortesia com GMR, a decisão final sobre o Programa e Estrutura do Colóquio, para quando a GMR der noticia de disponibilidade. RG avisa que a data-limite será 14 de Junho, por compromissos assumidos. PFA está já comprometido com estadia no MIT, USA e também não pode adiar mais.

2023-06-12: Proposta de plano de RG. Tendo-se conseguido finalmente marcar reunião, incluindo GMR, para o dia 14 de Junho, RG envia a PFA, VLC e GMR um "sumário executivo" para o Colóquio e Exposição.

2023-06-13: Sumário de ideias de GMR. Após reunião preparatória PFA, GMR e VLC, GMR envia (20h30) a PFA e VLC um sumário de ideias, para o Colóquio e Exposição.

2023-06-14: 6 AM: Sumário executivo de PFA. PFA envia a RG, VLC e GMR um "sumário executivo revisto", em preparação para a reunião final, marcada para 10 AM, completando o draft / sumário enviado (10 h antes) pela GMR.

2023-06-14: 10 AM REUNIÃO FINAL. RG, PFA, VLC, GMR. Após a reunião, PFA envia o sumário executivo, versão 2, para o Colóquio e Exposição.

2023-07-21: Pedido de sala(s). Tendo-se proposto para fazer estes contactos, com o acordo do grupo, GMR dá conhecimento a PFA e VLC de mensagem re-enviada ao Museu da Politécnica, para obter salas para o Colóquio e Exposição..

Nota PFA: GMR envia esta carta enquanto "antiga presidente da AEFCL antes do 25 de Abril de 1974", e escreve em nome da "Direcção e vários colaboradores da altura": "a Direcção e vários colaboradores da altura pensam vir a realizar um Colóquio com Exposição de materiais sobre o que foi o movimento estudantil em Ciências de 1969 até 1973".

Ora ao apresentar-se a si, e a esta iniciativa, desta forma, apropria-se implicitamente do que tinha ficado acordado como sendo do CES-Universidade de Coimbra. Além de não ser legitimo falar em nome de uma "Direcção" que não foi consultada. (ver nota PFA anterior).

2023-07-31: Abordagem institucional vs. invocar representativade passada. Perante a indiferença do Museu da Politécnica a todas as mensagens de GMR, (um silêncio de mais de um mês), PFA pede ajuda a um colega e amigo, que pelo seu peso institucional, leva (certamente por coincidência) a finalmente, nesta data, obtermos uma resposta, que viria a garantir a sala para o Colóquio (mas não para a Exposição). Contudo, este colega chamou a atenção a PFA que o pedido deveria ser feito, institucionalmente, pelo CES/Universidade de Coimbra, e não por este estilo de cartas de GMR.

2023-08-23: Clarificação: De quem é afinal o Colóquio e a Exposição. Depois de GMR reincidir a 11 de agosto, assinando agora emails sobre o Colóquio e a Exposição como "Antiga presidente da Direcção de 1971 a 1973", PFA envia a GMR, RG, VLC e MLC, uma mensagem clarificadora, em que reitera, entre outros pontos: "O Coloquio e' organizado pelo CES (...)"; "A mostra documental , não sendo assumida pelo CES, e' portanto assumida por no's.(...)"; "nenhum de no's foi mandatado para escrever em nome da "Direcção da AEFCL" de ha' 50 anos.(...)"

Nota PFA: Nesta data, RG tinha já tornado claro não estar disponivel, nem o CES, para se responsabilizar pela componente Exposição / mostra documental. Dado o rumo que esta componente tomou, PFA também ficou dissociado da Exposição.

2023-11-29 Museu da R.Escola Politénica recusa Exposição, em resposta aos emails de GMR.

2024-02-24: Tem lugar o Colóquio na velha Faculdade, hoje Museu. Com o anfiteatro bem atendido, decorre conforme os nomes no programa.

Nota PFA: As intervenções de GMR e PFA reflectem um novo contexto de alteração do posicionamento de GMR. A explicação desse novo contexto está disponivel aqui.

Já a Exposição, agora dissociada deste Colóquio dada a recusa do Museu (velha Faculdade), tem um percurso atribulado que, para igual transparência, merece a sua própria cronologia (e reflexão) complementar a esta, assim que possivel.



2024-04-22_Vasco_Memorado sobre a exposição (3).doc



O CONTEXTO DA INTERVENÇÃO DE PFA

A minha intervenção neste Colóquio (2024), decorreu num contexto inesperado, que me levou a mudar o foco do que tinha em vista dizer. E a falar num registo diferente do meu habitual. Como alguns queridos amigos notaram. Por isso, entendi como útil explicar esse contexto.

    [ A diferença, pode ser ilustrada comparando com outra intervenção anterior:

  Lutas Estudantis em Ciências e no Secundário: que legado nos deixam?, Biblioteca Nacional, 2019. ]

Qual o contexto inesperado, que levou a esta mudança? A apresentação de Gloria Ramalho, que antecedeu a minha.

Desde logo, num gesto que outros notaram, a Gloria foi descrevendo lutas que foram dirigidas por mim, textos e comunicados de que fui o autor, citando outros nomes, e sem referir, uma unica vez, o meu nome. Não se coibiu pois de salientar nomes: além de projectar o seu (na senda de emails recentes enquanto "Presidente da Direcção" da AEFCL dessa altura), deu grande relevo a outros nomes. Associando-os a essas actividades e lutas.

Este gesto foi, digamos, peculiar; sobretudo tendo em conta que anteriormente, a Gloria afirmava ser contra "esquecimentos selectivos", entre os tais "factos e narrativas esquecidos" que foi o mote do CES-Universidade Coimbra, para este Colóquio.

Mais relevante e inesperado, foi a Gloria apresentar as lutas em Ciências, e a sua resiliência, como algo derivado estritamente da Associação de Estudantes e do movimento associativo (e como tal, implicitamente, da liderança associativa ... da qual ela era "a Presidente", de 1970 a 1973.

Ora o principal objectivo que tinha sido acordado entre nós (ver cronologia) para este Colóquio e exposição associada, era colmatar o "apagão" da linha de orientação "Universidade Popular / Ensino ao Serviço do Povo", repondo a verdade histórica, factual, incluindo as suas origens e organica. Nomeadamente dois pontos incontornáveis:
- Recusar o "apagão" da politica, das organizações politicas clandestinas, e
- Salientar isso mesmo, ao mostrar que esta linha de orientação não era exclusiva do MA de Ciências.

A própria Gloria tinha manifestado, por escrito, partilhar esta visão. Agora, parece ter mudado 180 graus.

Pelo menos eu e o Vasco Lupi, continuamos a reconhecer que a resiliência das lutas em Ciências, mesmo com a Associação fechada, deve-se precisamente a essa dupla base de apoio: a organização politica clandestina, e a solidariedade, tanto de activistas como das infraestruturas, nas outras escolas onde a nossa linha de orientação tinha força.

Naturalmente, a Gloria, como qualquer outro convidado, é livre de exprimir o que entender. Livre até de dar o dito (antes), pelo seu inverso. Como outros serão livres de a criticar.

O caracter inesperado, advém pois da Gloria não ter exposto, na devida altura, a sua posição, afinal divergente, do que tinha sido acordado, livremente, sobre este Colóquio. Porque circularam textos escritos, e estes foram livremente discutidos numa reunião conjunta final. Um dos textos, como referido, foi precisamente enviado pela Gloria. Podem relê-lo, e assim formar a vossa própria opinião.

Quando chegou a minha vez de intervir, como podem visionar, fiz questão de não responder na mesma moeda, embora sem esconder a minha divergência. Com frontalidade. Também não obstante sentir como deselegante (no minimo), a Gloria "apagar" o meu nome, falei sem animosidade; e quando fui dando credito a muitos (33 nomes), como é sempre meu habito, (verificável na dita intervenção na Biblioteca Nacional em 2019), o nome que mais citei, foi o da Gloria. Como podem constatar nesta gravação agora (2024).

Naturalmente, em vez de me poder focar apenas nas questões substantivas, como era minha intenção, fui obrigado a gastar tempo a pôr os pontos nos iis, quanto a quem foi o autor / protagonista, do que foi "apagado" - ou atribuido a outrem. Porque "quem cala, consente". Eu nunca serei cumplice desse "apagão": da politica, das organizações clandestinas ... e de quem foi o autor dos meus próprios textos.

Mesmo assim, não obstante este contexto menos feliz, entendo que deixo aqui um testemunho objectivo, e sobretudo, verdadeiro.

No fundo, estas circunstâancias denotam o mundo real. Penso que o Colóquio foi positivo, embora tenha ficado aquém do que tinhamos ... sonhado, (parece ser a expressão certa :-).

Cabe a quem o visionar, de julgar por si próprio.

Pedro Ferraz de Abreu