Por uma Universidade Popular
Por um Ensino ao Serviço do Povo

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actualizado 2025-01-19

Uma face omissa da história narrada. Ou: a razão de ser, desta página.

No caminho para as celebrações do 50o aniversário da Revolução de Abril 1974, desde o 50o aniversário do assassinio de Ribeiro Santos (1972-2022), multiplicaram-se - e muito bem - , colóquios, exposições, e até documentários na TV. Contudo, existe um aspecto intrigante.

Nessa luta, no centro do furacão, entre 1969 e 1974, esteve uma misteriosa orientação estudantil, que ganhou as eleições democráticas na maioria das associações de estudantes em Lisboa, com forte presença no Porto e em Coimbra, nesse periodo tão critico dos ultimos estertores da ditadura. Uma linha politica/associativa, conhecida como "Por uma Universidade Popular" / "Por um Ensino ao Servico do Povo", ou, por vezes, (incluindo pelos seus detractores), como "os POPs".

Dezenas de dirigentes dos tais "POPs" foram presos pela PIDE e/ou perseguidos para os prender e torturar; outros ainda, foram expulsos das suas Escolas e Universidades; dezenas atrás de dezenas de colaboradores das suas Associações de Estudantes foram suspensos, em vagas que tentavam quebrar a teimosia de quem não se vergava, mesmo perante tão avassaladora repressão. Não contentes com isso, o regime ainda decretou a incorporação compulsiva de mais de uma dezena desses dirigentes na tropa; que, com igual teimosia inquebrantavel, recusaram ceder e na sua maioria se tornaram "refractarios", quer partindo para o exilio, quer entrando na clandestinidade.

Não foram, evidentemente, os unicos a lutar, nem a sofrer repressão. Mas é um absurdo serem "apagados", e é inegável a sua liderança em muitas lutas. Esta vaga repressiva assumiu especial amplitude, precisamente em consequência do papel que os tais "POPs" desempenharam, na resposta firme ao cobarde assassinio do estudante Ribeiro Santos pela PIDE fascista em 1972. Quatro exemplos simples:

  - O Comunicado à População denunciando o assassinio, que mereceu o voto das AAEE e em Plenário muito concorrido (16 outubro 1972), foi o proposto pela linha "Por um Universidade Popular" (em alternativa ao proposto pela linha MRPP). E como tal, foi distribuido em nome dos Estudantes de Lisboa: "Vingaremos Ribeiro Santos - Governo do Povo, Sim, Governo Assassino Não". Sóbrio, com o maior espaço dedicado a uma fotografia a preto e branco do estudante, teve um enorme impacto.

  - Três dias depois do funeral de R.S. (17 outubro 1972), a PIDE executa 8 mandados de captura para prender 8 dirigentes associativos de Lisboa, 4 de Ciências, 4 do Técnico: TODOS "POPs". Mas com um detalhe espantoso: os 4 dirigentes do Técnico, POPs, atingidos, pertenciam à Direcção da AEIST anterior, pois tinha sido entretanto eleita outra Direcção, afecta ao PCP / UEC - que não foram incomodados na altura.

  - A partir de certa altura, a unica escola que mantinha o boicote total às actividades escolares, em conformidade com o aprovado no Plenário de Estudantes de Lisboa, era Ciências (AEFCL - linha Universidade Popular). Por isso os seus colaboradores foram dos mais atingidos, em vagas sucessivas de suspensões e expulsões.

  - Exactamente um ano depois ( 12 outubro 1973) deste cobarde assassinio, a manifestação de rua (Rossio e envolventes) que conseguiu romper os bloqueios da Policia de Choque e da PIDE, foi a planeada, organizada minuciosamente e liderada pela UECml, convocada e ancorada maioritáriamente no apoio dos estudantes mobilizados pela orientação "Universidade Popular / Ensino ao Serviço do Povo". Com especial relevo para a participação de jovens activistas liceais.

E contudo, nada disto constou nos referidos colóquios, exposições, documentarios TV. A "História oficial" narrada, esquece qualquer referência ao papel dos "POPs". Quem era reconhecido, até pela PIDE, como os principais lideres na Universidade, desses perseguidos ("POPs") pelo regime, não foram convidados a dar o seu testemunho. Idem, da liderança nos Liceus. Uma exposição na velha Faculdade de Ciências, em Lisboa (2022 e 2023, "oficial", "comissariada por Pedro Adão e Silva"), chegou ao cumulo, relata quem a visitou, de não ter um u-n-i-c-o documento sobre as lutas dos estudantes dessa mesma Faculdade, nessas mesmas salas onde decorreu tal exposição.

E contudo, um desses colóquios (sobre Ribeiro Santos) teve lugar na Torre do Tombo, onde estão milhares de documentos, nomeadamente de relatorios da PIDE, que ilustram, que gritam, essa sanha do regime contra ESSES mesmos dirigentes e activistas estudantis. Que foram mais uma vez ignorados.

Mesmo na Academia, são muito poucos os trabalhos que falam desta linha de orientação estudantil. E mesmo os que representam um esforço honesto, tendem a focar-se mais em detalhes endógenos (e com muitos erros) da vida das organizações politicas associadas, do que nas lutas travadas; e tendem a reflectir mais as opiniões politicas actuais dos entrevistados (ou por vezes dos autores), do que um estudo sério e documentado dos factos.

Um "pequeno" exemplo deste tipo de "apagão" (porque infelizmente há mais), pode ler-se numa "tese" de mestrado sobre uma "Breve História" do CMLP: "Da "Fundação" do PCP (M-L) [21 de Agosto de 1970] até ao 25 de Abril de 1974 - Durante este período nada de especial aconteceu." (Helder Correia, 2000). Espantoso.

Foi necessário um encontro privado em outubro de 2022, entre dois antigos lideres dessa época (que já não se viam desde a Revolução), à revelia de qualquer Instituição, Partido ou "Comissão celebratória", para que daí saisse a iniciativa de um Colóquio e Exposição, com o objectivo expresso de colmatar este "apagão". Honra seja feita, o CES (Universidade de Coimbra) aceitou "apadrinhar" a iniciativa. Este texto, que aqui estão lendo (agora adaptado), foi originalmente escrito para apresentar, em 2024, finalmente (!), tal Colóquio e Exposição "Por Uma Universidade Popular".

Mas mesmo esta iniciativa foi sujeita a inumeros obstáculos e precalços, tanto institucionais como de "agendas" estranhas ao pretendido e, por isso mesmo, apenas muito parcialmente satisfez os objectivos almejados.

Como explicar este fenómeno? Talvez seja fácil, e ate' banal: Afinal, ja' Orwell tinha previsto que são os que estão no poder hoje, que escrevem a História de ontem. A que se somam outros motivos politicos e pessoais, não menos banais. Mas essa banalidade importa menos, do que a História perdida que personificam. Mais interessante e' desvendar o mistério.

Quem eram afinal esses, hoje tornados fantasmas da História oficial e "oficiosa"?

Como e porque ganharam eles, o apoio maioritario dos estudantes de Lisboa? Foi por geração expontânea, de colaboradores "dos cursos", liderados por "Presidentes" das AAEE, como uma recente exposição (e entrevista a um partido politico!) querem fazer crer? Ou tinham também organização clandestina, e uma teoria politica distinta, que ancorou a luta e os conduziu a vitorias?

O que fizeram, para merecer tanto "carinho" violento do fascismo? O que os fez correr, o que os fez lutar, e mesmo liderar a luta de protesto pelo assassinio de Ribeiro Santos, quando na sua maioria não estavam ligados nem ao local onde ocorreu o assassinio, nem muito menos ao partido do assassinado? Que lições importantes, para o presente e o futuro, se podem e devem retirar de toda a sua experiência? Onde estão eles hoje, e o que tê m para nos dizer?

Dar uma oportunidade a contributos para responder a estas questões, ora aqui está uma boa razão de ser destas páginas.

Mas elas pretendem ser, sobretudo, uma sincera homenagem, a todos os que hoje estão, ou foram, esquecidos; mas que, no tempo da Ditadura, anónimos ou lideres, lutaram e correram riscos, para tornar o mundo melhor.

Oxalá o que aqui encontrem, possa ser util, a quem partilhe o desejo de lutar por um mundo mais justo, mais digno e mais solidário. Por um Mundo Novo, a Sério

Divirtam-se com a leitura....e a sequela.

E, sobretudo: se fizeste parte dos "POPs", pois envia-nos o teu Testemunho!

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(... ) Pedro Ferraz de Abreu
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EVENTOS

2025 - Fevereiro:

2025: Padaria do Povo, Lisboa, Almoço / Convivio de todos os POP's
Sabado, 8 de Fevereiro, 13h

Sabado, 8 de Fevereiro 2025, 13h:

Por magnifica ideia de Joffre Justino, dado ele pertencer actualmente aos corpos gerentes da Padaria do Povo, este Convivio tera' lugar na sede do que inspirou a designação "Por Uma Universidade Popular" (ver Historia: as origens).

Queriamos organizar este convivio em 2024, pois perfazia cem anos que se inaugurou a U.P. na Padaria do Povo ! Não tendo sido possivel, pois fá-lo-emos agora. E a data escolhida, é bem apropriada a uma linha de orientação que promoveu os CLAC - Comités de Luta Anti-Colonial. Uma sobremesa especial para quem souber porquê ... inscreve-te!


2024 - Fevereiro:
2024: Colóquio Movimento Associativo de Ciencias "Universidade Popular" (1969-1973)


2023 - Junho:
2023: Lançamento de Livro sobre MAEESL 1970-74



2019 - Setembro:
2019: Tertulia 50 anos da Biblioteca Nacional
4 de Setembro
Pedro Ferraz de Abreu:






HISTORIA

Os nossos adversários chamavam-nos "POP's". Nós riamos. Não consta que alguém se incomodasse com isso. Sabiamos quem éramos, e ao que vinhamos.

Convidamos os autores dos programas e outros documentos que construiram esta linha de orientação, assim como os que lideraram lutas, quer a nível politico clandestino, quer a nível associativo, a apresentarem aqui os seus contributos.

Para facilitar a sua leitura, sugerimos uma estrutura: Cronologia, as Origens, a Teoria e Praxis, o Fim. Com a maior objectividade e factualidade possivel. Mas quem preferir apresentar um Testemunho, com a sua própria estrutura, é igualmente bem-vindo. Naturalmente, é importante que cada contributo seja acompanhado do ou dos documentos da época, que o fundamentem.


1. Cronologia; 2. As Origens; 3. A Teoria e Praxis; 4. O Fim; 5. Testemunhos; 6. Documentos



1. Cronologia

(Pedro Ferraz de Abreu)

(draft)

  • 1967 - Setembro < > Novembro : Fundação do MAEESL, em casa da Avó de PFA (data incerta, em vias de confirmação)

  • 1967 - Novembro, 25 e 26 : Grandes Inundações na região metropolitana de Lisboa, AAEE (via SCIP) publicam "Solidariedade Estudantil", MAEESL participa

  • 1967 - Dezembro : Documento MAEESL "Para uma ideologia associativa" (PFA)

  • 1968 - Outubro < > 1970 ? (data incerta, em vias de confirmação): Documento AEFCL "AAEE: O Impasse Federativo" (PFA)

  • 1969 - Abril : Documento AEFCL "Uma Universidade Critica, um passo para uma Universidade Popular" (Diversos, incluindo PFA e Daniel Muller)

  • 1969 - Outubro : Fundação da UEC(ml), e data presumivel do jornal "Servir o Povo" No1 ("Rudolfo" + ?? - PFA não é autor)

  • 1970 - Janeiro : IMPROP No 1, boletim da AEFCL - Editorial, precursor do programa "Por Uma Universidade Popular" (PFA)

  • 1970 - Setembro, 16 : Circular No3, boletim dos colaboradores da AEFCL - "Sobre a Apoliticidade das AEE" (PFA)

  • 1970 - Novembro, 26 : Programa da Direcção da AEFCL eleita - "Por Uma Universidade Popular" (PFA)

  • 1971 - Maio, 28 : Comunicado do Legionário (PFA), tentativa de prisão de PFA e outros dirigentes da AE de Ciencias e Tecnico

  • 1972 - Outubro, 12 : Assassínio de Ribeiro Santos; PFA e seu Pai tentam salvar José Lamego de ser preso.

  • 1972 - Outubro, 17 : mandado captura PIDE a PFA, e mais 3 dirigentes de Ciencias e 4 do Tecnico. PFA consegue escapar, fica na clandestinidade

  • 1972 - Dezembro : Comité Central do CMLP / PCPml "do interior" coopta PFA, para poder ser o "Controleiro" da UECml



  • 2. As Origens

    (Pedro Ferraz de Abreu)

    (draft)

    A designação "Por um Ensino ao Serviço do Povo", tem origem obvia na constituição, em Outubro de 1969, da UECml, como um destacamento estudantil do CMLP (ver siglas no final). Os seus fundadores escolheram o nome "Servir o Povo", para o seu orgão. Pode haver coincidencia, mas deixo isso para quem foi protagonista presente, e tenha algo para dizer. Convido aqui a mais testemunhos.

    Ao contrario do que alguns pensam, eu não fui fundador da UECml. Integrei sim uma celula do CMLP, anos antes, numa altura em que este estava em total caos, derivado da prisão ou fuga para o estrangeiro dos seus dirigentes. Por isso, esse credito pertence a outros.

    O que eu fundei, isso sim, foi a linha de orientação designada "Por Uma Universidade Popular".

    Talvez muito poucos saibam (mea culpa), mas a minha inspiração (para essa designação) não veio nem do CMLP, nem de "directrizes" (nunca recebi nenhumas, no que respeita ao movimento estudantil).

    Ela nasce sim, da Universidade Popular criada em 1919 por Antonio Ferreira Macedo e Bento Jesus Caraça, por quem tinha enorme admiração. Mas foi sobretudo inspirador, o facto desta Universidade Popular se ter materializado (em 1924), na Padaria do Povo, uma Cooperativa popular em Campo de Ourique, perto da casa de meus Pais e da Faculdade de Ciências de Lisboa.

    Contribui, ainda em 1968, quando entrei nesta Faculdade, para um primeiro texto, "Uma Universidade Critica, um passo para uma Universidade Popular" (publicado em Abril 1969), inspirado pela Padaria do Povo, o ensino a operários por Georges Politzer, e muito apoiado nas reflexões com activistas de Ciências (sobretudo admiradores de Rosa Luxemburgo, como o Alves e o Prista), com o apoio de Daniel Muller, a Fana, e outros; mas também, devo dizê-lo, com o inteiro apoio dos militantes do CMLP mais "velhos" (3 ou 4 anos...), que me mantinham em contacto com o "resto" do CMLP, o Varela e o Vasconcelos.

    Por isso, mesmo quando recebi, finalmente, os numeros do "Servir o Povo" (so' em finais de 1970), e a noticia da constituição da UECml, achei excelente a designação "Por um Ensino ao Serviço do Povo", sobretudo porque abrangia o meu querido MAEESL, que eu tinha fundado anos antes (1967). Mas mantive ciosamente a designação "Por Uma Universidade Popular", tal como quando redigi o primeiro programa com esse nome, para a Direccao da AEFCL, que viria ser eleita em 1970. E que alguns consideram (embora hoje estejam muito "discretos" quanto a isso), o primeiro "suporte teorico" dos "POPs" (na realidade não foi sequer o meu "primeiro", e podem outros terem escrito algo que eu desconheça, e tenha tido influência em paralelo).

    E, aqui entre nós que ninguém nos ouve, confesso que nunca gostei de ser "servo" de ninguém. Nem mesmo "do Povo".

    Já ser o "Ensino", a "servir o povo", ok.

    Mas sem duvida alguma, o principal corpo teórico que me deu o enquadramento politico geral para esta linha de orientação estudantil (e para o meu próprio contributo teórico), foi o produzido por Francisco Martins Rodrigues. Nomeadamente, as suas teses Luta Pacífica e Luta Armada no Nosso Movimento (1963) e Luta de Classes ou 'Unidade de Todos os Portugueses Honrados'? (1965). Esta questão adquire hoje especial interesse, porque assistimos a um "apagão" ridiculo desta influência politica, e por isso lhe dou atenção no capitulo à Teoria e Praxis, entre o que define esta nossa linha.

    Outra inspiração, de enorme relevo, foi a experiência que tive o privilégio de viver, no "Clube de Fisica" do LNPN (e Revista "Prisma"), na CPA dos Liceus, no MAEESL, e no SCIP (e boletim "Solidariedade Estudantil"). Tanto nas lutas que travámos; como no intenso debate politico e associativo (incluindo na nossa "celula errante" do CMLP, mas não só), sobre linhas de orientação distintas; como no processo de fundação do MAEESL.

    Este ultimo passou por um enorme esforço de diálogo com todos os grupos em actividade nos liceus e escolas industriais/comerciais, convidando-os a participar na fundação do MAEESL, incluindo até a JEC e JECF, na altura liderados por jovens catolicos progressistas, como Helena Salema (hoje Roseta) e José Manuel Felix Ribeiro (a hierarquia da igreja, sabiamente, impediu-os :-).

    Neste processo aprendi algo essencial: que o caracter das pessoas, dos activistas, era tão ou mais importante que as suas opiniões. Descobri o prazer do debate e da unidade na acção , e até generosidade, de uns, e o veneno do intriguismo, das manobras de bastidores, da desonestidade, das vaidades de protagonismo, de outros.

    Por isso, a frontalidade e transparência nas questões procedimentais na tomada de decisão; a procura do empoderamento, formação, mas também da responsabilização, dos colaboradores associativos, na organica e na pratica adoptada (descritas de seguida), são parte fundamental na construção teórica distintiva que suporta a linha "Por Uma Universidade Popular".

    Sim, era uma "marca" distintiva: recordo muito bem como, por exemplo, eramos alvo de comentários depreciativos, em tom de gozo, de sermos uma "linha contra os vicios" (Vieira Lopes, IST), insinuando sermos como as puritanas "ligas contra os vicios".

    Uma das consequências dessa marca, era acolhermos, sem uma ponta de discriminação, conhecidos simpatizantes de outras organizações e partidos, que se sentiam à vontade em colaborar connosco: desde pro-PCP, até pro-MRPP. Além, evidentemente, de quem não tinha qualquer alinhamento com qualquer organização politica. O nosso critério era o cantado por Zeca Afonso, "Seja Bem-Vindo, Quem Vier por Bem", e isso reflectia-se nos números de colaboradores.

    Mas mais interessante, e que só se tornou claro com a queda da Ditadura, é que nesta linha de orientação, não se reviam apenas militantes da UECml / CMLP / PCPml (e pessoal ligado, directa ou indirectamente). Na realidade, varias outras organizações politicas clandestinas reconheciam-se nela - mesmo que à sua maneira. Até hoje, citaram-me duas: CRML e "o Bolchevista".

    Deixando de fora a trapalhada do sr. Heduino de tentar criar (a partir de Paris) uma UECml "sua", separada da UECml "do interior", acho esse fenomeno muito interessante e positivo. Outros lerão nisso sintomas de "sectarismo" e outras maleitas, associadas `a multiplicação , como cogumelos, de organizações. Porventura resultando de cisões de outras, etc. Pode ser que tenham razão, mas eu nunca partilhei da tese de que existirem multiplas organizações politicas fosse negativo em si mesmo - desde que resultante de linhas politicas distintas e claras.

    Na minha perspectiva, a unidade era (e é) importante, mas na acção, por uma causa comum; e a gritaria dos "unitários", escondia frequentemente o desejo de abafar a dissenção politica. Tal foi de resto a teoria que defendi, por escrito, muito cedo, no texto "O Impasse Federativo".

    Por isso, valorizo as marcas distintivas que cada comunidade de activistas assumia, com orgulho. Como o exemplo da designação alternativa de "Por um Ensino Popular". Ou curiosa designação de "um grupo de estudantes do 1o, 2o, 3o, e 4o Anos" de Económicas (1972): "Por um Ensino ao Serviço dos Operários e Camponeses".

    [CONTINUA EM BREVE]

    3. A Teoria e Praxis



    Pedro Ferraz de Abreu

    Alguns nomes que me influenciaram / inspiraram para fundar a linha "Universidade Popular"

    Em Pessoa:

    Em Escritos e Obra:


    5. Testemunhos. (POPs)

    Alberto Matos:

    Ana Ferraz de Abreu:

    Joffre Justino:

    Orlando Cardoso Gonçalves:

    Vasco Lupi Costa:


    (mais testemunhos serão acrescentados, à medida que sejam recolhidos)




    6. Documentos


    REFERENCIAS






    DOCUMENTOS